quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Eu moraria em Canoa Quebrada...




Essa foi a maior surpresa do carnaval...eu sabia que ia ver lugares paradisíacos no Ceará, mas nunca imaginei que algum iria me fazer cogitar a possibilidade de deixar Brasília, cidade que eu adoro (mamãe que o diga!). Mas trocar uma por outra obviamente não seria uma simples mudança de endereço, mas de todo um estilo de vida.
Não sei quanto tempo vai durar essa vontade, mas aquela paz e simplicidade é tudo o que eu ando querendo. E eu que achei que era impossível encontrar lugar que me desse mais paz do que a capital federal. Porém, aqui não há simplicidade alguma. Sei lá, de todo modo, se a vontade não passar em um ano, terei que pensar seriamente no assunto.
Contudo, todavia, entretanto, a vida não é um filme e a realidade não é nada romântica, então teria que resolver um empecilho de ordem bem prática: O que eu faria em Canoa Quebrada? Sim, porque é até pecado desejar mais que aquele vento, aquelas praias e aquele mar verde... mas infelizmente cheguei numa idade em que o mínimo de conforto é essencial, como: carro (pra ir ao cinema em Fortaleza), uma casa com umas janelas bem grandes e grana pra ver minha família e amigos toda vez que sentisse saudade, sem contar que não passo o natal longe de casa (a casa da minha mãe sempre será a minha casa de verdade) nem que me ofereçam o céu.
Então, conversando com os amigos e pensando com meus botões surgiram algumas ideias de como sobreviver em Canoa Quebrada. Eis algumas:

1 – Vender coco na praia
Bom: coco na praia é tão essencial quanto o mar.
Ruim: eu teria mais concorrentes que a Angelina Jolie na disputa pelo Brad Pitt.

2 – Virar pescadora
Bom: assim como eu, muitas pessoas amam peixe. Acho que venderia bem.
Ruim: Como se pega peixe?

3 – Abrir uma pousada
Bom: Parece coisa de filme: uma pousada perto do mar. Muito charmoso.
Ruim: Teria paciência para lidar com os hóspedes chatos? E haja grana pra montar algo minimamente decente.

4 – Abrir um pub, onde só tocasse rock
Bom: Não vi nenhum pub lá. Na verdade, tem um lugar charmosinho que toca jazz. Mas acho que faria algo diferente. Levaria primeiro as bandinhas de Fortaleza pra tocar lá. Depois, quem sabe, até umas internacionais (sonhar não custa nada, né?).
Ruim: A Tassiana (cearense legítima) diria: “rock na terra do forró. Tu vai falir!!!”

5 – Vender artesanato
Bom: gosto muito de trabalhos manuais.
Ruim: Gostar não significa ter talento. E outra: teria renda pra viajar a hora que eu quisesse?

6 – Abrir um cinema
Bom: cinema nunca mais é demais. E toda cidade deve ter um.
Ruim: como me disse um senhor na volta de Canoa Quebrada: “no começo, pode ser novidade e todo mundo vai gostar. Mas depois, sei não. Melhor você abrir um jornal”.

7 – Abrir um jornal
Bom: jornalismo é a minha área e o que minimamente sei fazer.
Ruim: pra ganhar dinheiro com isso, eu teria que bajular anunciantes. E eu sou lá pessoa com talento e paciência pra bajular alguém?

8 – Trabalhar na sorveteria da Débora (pessoa feliz que mora em Aracati, onde fica Canoa Quebrada).
Bom: sorvete naquele calor não deve ser mau negócio.
Ruim: e se eu engordar?

9 - Virar uma local friend
Bom: Conheceria gente do mundo todo. Ahhhh, que maravilha!
Ruim: E o tal jogo de cintura para aguentar os "boring friends"?

Foto: Flávia Peixoto e Rodrigo Berçot

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Manual de reportagem

Este vídeo é super divertido! Vale a pena, especialmente para os que querem se aventurar na carreira de jornalista sem passar pelos bancos da faculdade.

Triste folia


Por Eliane Cantanhêde, publicado na Folha de São Paulo no dia 13.02

Brasília fez bonito na reação à ditadura militar. Perdeu Honestino Guimarães, morto enquanto estudante da UnB; liderou o renascimento do movimento estudantil; viu carreatas levando chicotadas de generais na Esplanada dos Ministérios; votou contra Collor em 1989, participou ativamente dos grandes movimentos pela redemocratização do país. Para dar nisso...

A guinada maldita, que gerou todos esses escândalos, começou ainda no final da década de 1980, com o Brasil fervilhando com a Constituinte. Foi aí o primeiro governo, o único por nomeação, de Joaquim Roriz no DF. A partir de 1990, os governadores passaram a ser eleitos e Roriz teve mais três mandatos, somando 12 dos 20 anos de poder desde então. Os velhos militantes de esquerda foram anulados ou engolidos pelo esquema Roriz. Tudo e todos giram à volta dele, ou como aliados, ou como seus adversários diretos. Ele é o polo de poder.

Foi assim que Roriz produziu José Roberto Arruda, o primeiro governador preso por corrupção depois da ditadura, e que agora passa o Carnaval na cadeia. Foi assim que Roriz criou o empresário Luiz Estêvão, o primeiro senador da República cassado por corrupção na democracia. Foi assim que Roriz geminou Paulo Octávio, que tenta desesperadamente se equilibrar como substituto de Arruda no governo, apesar de citado em várias circunstâncias na mesma operação Caixa de Pandora da Polícia Federal.

Mas, apesar de tudo isso, e por macabra ironia, esse cenário de terra arrasada favorece o lançamento de Roriz para as eleições de outubro. Não há nomes na esquerda, insegura e incerta, e a direita está desbaratada. Então, chega de intermediários. Vem aí para o governo Joaquim Roriz, justamente onde tudo começou...

É ou não um filme de terror?

PS - Em geral, discordo das posição da Cantanhêde, mas dessa vez ela foi bem feliz. Quem mais tá deprimido com a possível volta do Roriz???

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Trilha

Meninos E Meninas

Legião Urbana
Composição: Renato Russo, Dado Villa-Lobos/Renato Russo, Marcelo Bonfá

Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui

Acho que gosto de São Paulo
Gosto de São João
Gosto de São Francisco e São Sebastião
E eu gosto de meninos e meninos

Vai ver que é assim mesmo e vai ser assim pra sempre
Vai ficando complicado e ao mesmo tempo diferente
Estou cansado de bater e ninguém abrir
Você me deixou sentindo tanto frio
Não sei mais o que dizer

Te fiz comida, velei teu sono
Fui teu amigo, te levei comigo
E me diz: pra mim o que é que ficou?

Me deixa ver como viver é bom
Não é a vida como está, e sim as coisas como são
Você não quis tentar me ajudar
Então, a culpa é de quem? A culpa é de quem?

Eu canto em português errado
Acho que o imperfeito não participa do passado
Troco as pessoas
Troco os pronomes

Preciso de oxigênio, preciso ter amigos
Preciso ter dinheiro, preciso de carinho
Acho que te amava, agora acho que te odeio
São tudo pequenas coisas e tudo deve passar

Acho que gosto de São Paulo
E gosto de São João
Gosto de São Francisco e São Sebastião
E eu gosto de meninos e meninos

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

A vida como ela é...

Do diretor Lars Von Trier, Dogville não é um filme para qualquer um. O cenário tem que ser imaginado, pois é todo desenhado no chão, como se os personagens tivessem atuando no teatro. E o início um pouco lento dá certa impaciência. Mas Dogville é um dos meus filmes preferidos, principalmente porque Lars Von Trier conseguiu mostrar bem como o ser humano pode ser oportunista, egoísta e cruel.

O filme conta a história de Grace, vivida por Nicole Kidman, que chega em uma cidadezinha (Dogville) fugindo de gangsters. Os moradores aceitam que ela se esconda na cidade, desde que faça alguns trabalhos para eles. No começo, ninguém precisava de nada, mas pouco a pouco as exigências vão aumentando, chegando ao ponto de...(ah, vão assistir ao filme, rs). O fato é que o “favor” de esconder Grace se torna caro demais para ela.

Na vida real, muitas pessoas também são assim...fazem isso e aquilo dizendo ser para o bem dos outros, dizem que dão amor, amizade e carinho de peito aberto, mas depois se sentem no direito de exigir uma “recompensa”. E quando você não é capaz de “retribuir”, sai de baixo! È fato que muita gente usa o bem que faz para se sentir no direito de cobrar atitudes que gostaria que os outros tivessem, esquecendo que cada um é livre para fazer suas escolhas e julgando os motivos do outro baseado em interpretações próprias e que, em boa parte dos casos, não condizem com a realidade.

Outra situação – retratada perfeitamente em Dogville – é a velocidade com que as pessoas conseguem justificar os motivos para fazer o mal ao outro como uma tentativa de corrigi-lo e com isso, pensam estar fazendo o bem. Nisso, se sentem no direito de exigir o que bem entenderem.

É por essas e outras que agora desconfio mais do que nunca de pessoas que alardeiam sua bondade, te juram amor eterno e querem te cobrir de favores. Um dia a fatura de cobrança sempre chega e tudo acaba sendo muito penoso. Que Deus nos proteja!