segunda-feira, março 02, 2009

As injustiças nossas de cada dia...

A cobertura das mortes de São Joaquim dos Montes (PE), atribuídas a membros do Movimento dos Sem-Terra (MST) serve para provar, mais uma vez, o quanto a imprensa brasileira é preconceituosa e elitista. Impressionante do que são capazes os “coleguinhas” – e os grupos que controlam os meios de comunicação deste País – quando querem impor um ponto de vista, uma “verdade”.

Não pretendo defender a galera acampada na tal fazenda em Pernambuco, tampouco defender a violência atribuída ao MST nos últimos anos, mas a forma orquestrada como toda a imprensa vem criticando o movimento, destacando apenas um lado da história me faz perder toda a confiança na dita democracia brasileira. O que considero mais injusto é que na hora de criticar um movimento social que eles nunca tentaram entender, vão atrás de pessoas nem um pouco isentas. È como se pedissem pro primeiro-ministro de Israel dizer o que acha dos comandantes da rival Palestina.

Por isso, perguntar do presidente do STF a opinião dele sobre o caso é jogar gasolina no fogo e sacramentar injustiças. O que dizer dos ruralistas? Obviamente que os culpados pelo assassinato dos quatro homens devem ser julgados e punidos, mas por que não usar da mesma severidade com que a imprensa e os latifundiários julgaram todo o MST para noticiar a morte de pobres e miseráveis, que pelo menos levantam a bunda – nem sempre gorda – e vão lutar por seus direitos?

Na quinta-feira (26) à noite, a matéria do Jornal Nacional contando o caso foi tão ridícula, que deu nojo. A “verdade” deles foi procurar associar sempre o MST ao presidente Lula, mostrando como os sem-terra foram beneficiados neste governo. O que é uma mentira tão grande...Até meus sobrinhos que ainda estão aprendendo a ler devem saber que a reforma agrária no Brasil está parada – uma grande vergonha para o PT.

Vendo aquilo já imaginei o que se passava na cabeça do perfil típico dos telespectadores do Jornal Nacional – aqueles chamados de Homer Simpson pelo William Bonner: “São todos uns baderneiros, bandidos mesmo”. Mesma idéia tentam impregnar em nossas mentes outros veículos. Lendo algumas matérias dos ditos mais importantes jornais brasileiros – O Globo, Folha de SP e Estadão – me perguntei se agora as pautas deles eram compartilhadas. Todas as matérias estavam escritas quase que com as mesmas palavras, ouvindo as mesmas fontes, destacando os mesmos fatos. Com certeza, pra economizar raciocínio, eles devem fazer uma reunião de pauta única.

E nessa pauta única nunca terão vez as injustiças cometidas no campo brasileiro: trabalho escravo, concentração de terras, pistolagem, etc. A Comissão Pastoral da Terra vive denunciando casos de assassinatos e ameaças a trabalhadores rurais e integrantes de movimentos sociais, mas só quem toma conhecimento é quem acessa o site da entidade, pois esses assuntos nunca são abordados pela tal “grande imprensa”. E por quê? Ah, basta tirar o olho do umbigo e olhar um pouquinho pros lados pra perceber...

Mais uma vez, repito: não concordo com a violência e não entendo algumas táticas usadas pelo MST, mas sei que não é preciso ir muito longe pra perceber que muitos têm tanto e outros não têm nada. Conversando com um amigo, me deu a curiosidade de saber quantos hectares tem a fazenda da qual ele vive falando. Dois mil foi a resposta. E o que vocês produzem lá? Ele: Nada. Acredito que a família dele deve ter trabalho bastante para conseguir tal propriedade, mas é justo deixar que dois mil hectares de terras fique assim, à toa? E aqueles que têm dez vezes mais que isso e não plantam um só pé de feijão? É contra esse tipo de injustiça que movimentos sociais ligados à reforma agrária – entre eles o MST - lutam. E se tem coisas erradas, é bom que se puna, mas de forma justa. E a imprensa brasileira, é a favor de quê??? Repito: basta tirar o olho do próprio umbigo e olhar pros lados...a resposta nem está longe.

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