terça-feira, julho 20, 2010

Santa Ignorância!

Ok, ninguém é obrigado a saber de tudo, a conhecer tudo, enfim, tudo é muita coisa para uma só encarnação. Por isso, ninguém é obrigado a ler os clássicos da literatura, por exemplo. Eu acho que ainda só li uns 15%... e, modéstia a parte, olha que já li muita coisa. Pra encurtar, sou da opinião de que devemos – o máximo que for possível – guardar nossa ignorância para nós mesmos. E se tivermos que escrever sobre um assunto que não dominamos em um jornal de grande ou pequena circulação, que deveria ter a responsabilidade de garantir uma boa informação, é preciso um pouco de pesquisa, ao menos.

O CASO – Maria Júlia Lledó e Rayanne Portugal escreveram uma matéria para um caderno do Correio Braziliense, publicado no dia 18 de julho, que fala sobre histórias de pessoas que viveram um grande amor no passado e depois de anos, se reencontraram. Assunto mega batido, mas enfim, as meninas devem ter ficado muito emocionadas com o filme Cartas para Julieta (que eu só vi o trailler e não me animou por conta de várias obviedades) e resolveram ir atrás das historinhas. O único mérito da matéria, na minha opinião, foi o fato de elas terem encontrado personagens, coisa difícil pra caramba.

Enfim, deveria ser uma matéria para se ler com descontração e perceber que neste mundo também há lugar para histórias bonitinhas nos jornais...até o momento em que, para ilustrar a matéria, as meninas resolvem citar histórias da literatura e do cinema e me pegam como exemplo o livro “O amor nos tempos do cólera”, do Gabriel Garcia Marquez, um dos meus livros preferidos e de muita gente que eu conheço. Como não leram a obra – triste dizer, mas muitos jornalistas só leem suas próprias matérias – elas pegaram a sinopse do livro do site da Cultura (http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=161705), onde conta que o García Marquez se inspirou nos próprios pais para escrever a história e coloca os nomes daqueles como se fossem os personagens do livro, o que não é verdade, os personagens são outros.

Essas coisas me tiram do sério...Se tivessem ao menos lido o texto do site até o final, poderiam ter evitado se passar por ignorantes. Fizeram um Ctrl C e Ctrl V puros e simples e, pra variar, passaram uma informação pela metade, prática muito comum no Correio Braziliense. E já que as gurias parecem gostar de filmes melados, poderiam ao menos ter visto o filme sobre a obra, né? Não gostei do filme, mas pelo menos a história é fiel ao livro.

quarta-feira, julho 14, 2010

Como fazer uma matéria para um grande jornal

1 – Tenha uma tese na sua cabeça. E faça qualquer coisa para provar que você está certo.

2 – Para isso, tente encontrar ao menos duas pessoas que tenham o mesmo pensamento que o seu, para embasar sua teoria. É aceitável dizer que a opinião dessas duas pessoas é a opinião da maioria.

3 – Se precisar ouvir o outro lado, dê um jeito de distorcer o que o outro lado diz, de tal forma que você consiga provar sua tese.

4 – Se não conseguir entrevistar ninguém, procure no Google.

5 – Meias verdades não são totalmente mentiras.

6 – Invista em títulos e retrancas polêmicas e que chamem a atenção do leitor.

7 – Esqueça a ética. O importante é o “interesse ‘público’ do local onde você trabalha”.


P.S – Lendo as matérias de muitos jornais, isso parece ser exatamente o que, infelizmente, muitos jornalistas fazem. Foi para continuar fazendo isso que muitos jornalistas e as grandes empresas de comunicação foram totalmente contra a criação do Conselho Federal de Jornalismo.