terça-feira, dezembro 14, 2010

A imaturidade mora ao lado...

- Senta!

- Fala baixo!

- Senta que eu tô mandando!

- E eu disse pra você falar baixo!

- Mas como é que vou falar com você se você não para quieto e eu tenho ficar andando atrás de você.

(Aí, acho que ele sentou e a briga começou. E foi feia!).

Fui acordada de um sono ótimo numa tarde de sábado por mais um arranca rabo entre o casal de namorados, meus vizinhos. Pelo “nível” dessa e de outras discussões, não foi difícil perceber que os dois são novinhos e ainda vão ter que ralar muito para alcançarem o mínimo de maturidade.
Uma outra vez, fui acordada depois da seguinte declaração do “homem”.

- Se você me bater na cara mais uma vez, eu não respondo por mim!

Depois disso, vários objetos foram atirados na parede, alguns gritos e muito choro, agora da parte dela, que nem é muito de chorar. Na verdade, a menina é brava que dá medo. Ele também não é nenhum santo. Até onde já deu pra perceber, ele dá motivos.

Tudo isso dá para ouvir porque as janelas são grudadas. Como tem feito muito calor, anda impossível deixar a janela fechada e por isso tenho que agüentar as infantilidades dos vizinhos chatos. Se é possível ouvi-los transando? Não mesmo. Parece que eles se amam em silêncio e se odeiam no mais alto volume.

quinta-feira, novembro 04, 2010

O mau exemplo dos cursos preparatórios em BsB


Neste final de semana, mais de quatro milhões de estudantes farão as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)em todo Brasil e, pelo menos em Brasília, já começo a me preparar para a sujeira que cursinhos preparatórios fazem na entrada das escolas. Não faço parte das equipes de limpeza, mas tenho muita pena de quem faz. Isso porque, na contramão da história, esses cursinhos preparatórios não têm o mínimo de preocupação ambiental ou qualquer preocupação que não seja a de conseguir aprovar alunos tão somente para atrair outros alunos e, consequentemente, mais $$$ para seus caixas.

São milhares e milhares de panfletos , kits e até garrafas de água distribuídos. Tem cursinhos que mandam jovens panfleteiros e professores para “dar aquela força” aos estudantes. Junto a isso, fazem muita sujeira. E, quando todos os alunos entram nas salas, deixam tudo lá, enfeiando a paisagem. Imagine o que não devem ensinar em sala de sala...

A foto acima foi tirada pelo querido Rodrigo Oliveira na aplicação do último vestibular da UnB, em julho, em frente ao Uniceub. Nojo!

quinta-feira, outubro 14, 2010

SOS

- Polícia Militar, boa noite!
- Moço, tem um bar aqui do lado que está com uma banda ao vivo de forró. Ninguém consegue dormir!
- Senhora, eu posso registrar sua ocorrência, mas de antemão, vou logo avisando que não podemos fazer nada.
- Como assim?
- Não tem como fazer nada. Só registrar.
- E o que adianta registrar se nada será feito?
- É que sem o registro, não temos como saber de sua reclamação. Se tiver uma viatura disponível, enviaremos para aí.
- Mas e se fosse alguém que estivesse matando outro aqui na frente de casa?
- Eu faria a mesma coisa. Só registraria.
- Ah...
- No seu caso, é melhor a senhora ligar para a Secretaria de Meio Ambiente, que resolve assuntos de poluição sonora.
- Qual é o número?
- 08000922000
- Tá certo obrigada! (O cara parecia mesmo tão impotente que resolvi nem argumentar daquele jeito).

Na Sema
- Secretaria, boa noite.
- Moço, você ouvindo essa música?
- Estou sim.
- Então, meu vizinho está com uma banda de forró ao vivo aqui do lado. Ninguém consegue dormir.
- Isso é proibido. O que funciona lá?
- É um bar.
- Tem um nome?
- Não.
- Me passa o endereço direitinho.
Passei o nome da rua, todos os pontos de referência possível, mas o cara disse que era primordial o número do bar, que não existe. Por causa disso, o forró continuou. Nada foi feito. Só consegui dormir quando já estava amanhecendo, obrigada a ouvir as piores músicas possíveis, inclusive Mariposa Traiçoneira, que é a única música do cd do Maná que eu sempre pulo, porque não consigo ouvir de jeito nenhum. Isto é Manaus, terra sem lei!

Manaus: amor e ódio

10 coisas que eu amo em Manaus:

1 – Minha família
2- Meus amigos
3 – Minha família
4 – Meus amigos
5 – Minha família
6 – O Rio Negro
7 – Os peixes
8 – Farinha do Uairini
9 – A hospitalidade das pessoas. Em Manaus, você faz um amigo em cinco minutos.
10 – O serviço público de saúde. Quando precisei, fui atendida rapidamente. Já em Brasília...Deus me livre ter de precisar...

10 Coisas que eu odeio em Manaus:

1 – O calor
2- O calor
3 – O calor
4 – A sujeira nas ruas. Além do serviço de limpeza ser péssimo, as pessoas ainda contribuem jogando lixo em qualquer lugar, pela janela do carro, nas praças. Ô ódio!
5 – Os vizinhos da casa da minha mãe.
6 – O som alto em qualquer lugar que se vá. As pessoas andam de carro com o som nas alturas, como se todo mundo tivesse a obrigação de ouvir o que a criatura tá quer.
7 – O trânsito. Muita gente mal-educada, que faz do trânsito uma competição. E são raros os que te dão passagem ou respeitam os sinais.
8 – O péssimo serviço de energia, água e telefone.
9 – O calor
10 – Os preços: De verduras, frutas, carnes e até diversão, acho tudo muito caro.

segunda-feira, setembro 13, 2010

O dia em que fui roubada pelas Lojas Renner!

Há anos parei de usar cartões de lojas e relutava em criar um cartão da Renner, que eu nunca havia tido. Até o dia, final do mês, em que eu quis comprar um presente pra uma amiga. Lá, encontrei exatamente o que tava precisando. No caixa, começou o assédio para fazer o cartão da loja. Outras vezes eu tinha dito não categoricamente, mas nesse dia tava fraca e acabei aceitando.

Aí começou o início do roubo. A vendedora disse que eu era obrigada a contratar um seguro, mas que só precisaria pagar a primeira parcela. As restantes eu poderia simplesmente deixar de pagar. Também disse que era melhor parcelar a compra. Eu recusei e ela disse que se eu parcelasse e pagasse tudo no próximo mês, eu pagaria o mesmo valor e as parcelas seriam reduzidas devido ao adiantamento do pagamento. A mesma coisa foi reforçava por duas vendedoras. Acabei aceitando. Outro dia, quando fui fazer a compra, a vendedora falou a mesmíssima coisa. Se parcelasse e adiantasse o pagamento, teria desconto nas parcelas.

Então, eu devo ser muito idiota mesmo e acho que se uma das vendedoras tivesse me dito que papai noel existia, era capaz de eu ter acreditado. No dia que venceu a primeira compra, fui lá pagar, ciente de que quitaria todas as parcelas. Aí veio a surpresa: o valor total estava maior em R$ 12 e eu não tinha como cancelar o seguro, embutido em cada parcela. Quase enlouqueci na loja. O supervisor veio e disse esse roubo da loja estava certo e que ele não acreditava que as vendedoras tivessem me dito tamanho absurdo. Depois de protestar bastante, em vão, pedi que ele me repassasse aquelas informações por escrito e ele se recusou. Disse que a palavra dele bastava. E como é que eu iria acreditar depois de duas vendedoras da loja terem dito exatamente o contrário do que ele tava dizendo? Como eu ia acreditar numa loja que estava me roubando ali, sem a maior cerimônia?

Enfim, acabei pagando, fiz reclamação formal, e com certeza vou reclamar no Procon. Dois dias depois a loja me liga para fazer um acordo, afinal, eu era cliente nova, a loja era nova e eles não queriam que eu tivesse má impressão dali. Me convidaram pra ir lá. Não pude ir no dia combinado porque apareceu outro problema pra resolver, mas no dia seguinte fui lá e aí... não tinha acordo nenhum. Uma outra gerente, chamada Danielle, foi mais cínica que o primeiro gerente, Willian, e eu saí de lá mais estressada do que a primeira vez. Só então me deram o contrato do cartão, porque pedi, e no contrato, as condições de pagamento da Renner não são claras!

A lição que fica é que não pode acreditar nessas lojas e não vou mais aceitar nada que me digam ser vatanjoso, sem que tudo esteja totalmente explicadinho em contrato. E passei a odiar a Renner pelo resto da vida e sempre farei questão de espalhar essa história, para evitar que mais gente seja roubada por essa loja.

terça-feira, julho 20, 2010

Santa Ignorância!

Ok, ninguém é obrigado a saber de tudo, a conhecer tudo, enfim, tudo é muita coisa para uma só encarnação. Por isso, ninguém é obrigado a ler os clássicos da literatura, por exemplo. Eu acho que ainda só li uns 15%... e, modéstia a parte, olha que já li muita coisa. Pra encurtar, sou da opinião de que devemos – o máximo que for possível – guardar nossa ignorância para nós mesmos. E se tivermos que escrever sobre um assunto que não dominamos em um jornal de grande ou pequena circulação, que deveria ter a responsabilidade de garantir uma boa informação, é preciso um pouco de pesquisa, ao menos.

O CASO – Maria Júlia Lledó e Rayanne Portugal escreveram uma matéria para um caderno do Correio Braziliense, publicado no dia 18 de julho, que fala sobre histórias de pessoas que viveram um grande amor no passado e depois de anos, se reencontraram. Assunto mega batido, mas enfim, as meninas devem ter ficado muito emocionadas com o filme Cartas para Julieta (que eu só vi o trailler e não me animou por conta de várias obviedades) e resolveram ir atrás das historinhas. O único mérito da matéria, na minha opinião, foi o fato de elas terem encontrado personagens, coisa difícil pra caramba.

Enfim, deveria ser uma matéria para se ler com descontração e perceber que neste mundo também há lugar para histórias bonitinhas nos jornais...até o momento em que, para ilustrar a matéria, as meninas resolvem citar histórias da literatura e do cinema e me pegam como exemplo o livro “O amor nos tempos do cólera”, do Gabriel Garcia Marquez, um dos meus livros preferidos e de muita gente que eu conheço. Como não leram a obra – triste dizer, mas muitos jornalistas só leem suas próprias matérias – elas pegaram a sinopse do livro do site da Cultura (http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=161705), onde conta que o García Marquez se inspirou nos próprios pais para escrever a história e coloca os nomes daqueles como se fossem os personagens do livro, o que não é verdade, os personagens são outros.

Essas coisas me tiram do sério...Se tivessem ao menos lido o texto do site até o final, poderiam ter evitado se passar por ignorantes. Fizeram um Ctrl C e Ctrl V puros e simples e, pra variar, passaram uma informação pela metade, prática muito comum no Correio Braziliense. E já que as gurias parecem gostar de filmes melados, poderiam ao menos ter visto o filme sobre a obra, né? Não gostei do filme, mas pelo menos a história é fiel ao livro.

quarta-feira, julho 14, 2010

Como fazer uma matéria para um grande jornal

1 – Tenha uma tese na sua cabeça. E faça qualquer coisa para provar que você está certo.

2 – Para isso, tente encontrar ao menos duas pessoas que tenham o mesmo pensamento que o seu, para embasar sua teoria. É aceitável dizer que a opinião dessas duas pessoas é a opinião da maioria.

3 – Se precisar ouvir o outro lado, dê um jeito de distorcer o que o outro lado diz, de tal forma que você consiga provar sua tese.

4 – Se não conseguir entrevistar ninguém, procure no Google.

5 – Meias verdades não são totalmente mentiras.

6 – Invista em títulos e retrancas polêmicas e que chamem a atenção do leitor.

7 – Esqueça a ética. O importante é o “interesse ‘público’ do local onde você trabalha”.


P.S – Lendo as matérias de muitos jornais, isso parece ser exatamente o que, infelizmente, muitos jornalistas fazem. Foi para continuar fazendo isso que muitos jornalistas e as grandes empresas de comunicação foram totalmente contra a criação do Conselho Federal de Jornalismo.

sexta-feira, junho 18, 2010

Para sempre, José Saramago!

Foto: Saramago em Lanzarote (Espanha), por Sebastião Salgado.



Sabe aquelas pessoas que a gente acha que nunca devem morrer? Para mim, José Saramago era uma dessas pessoas. Podem achar exagero, mas a notícia da morte dele me deixou arrasada. Guardadas as devidas proporções, depois da morte do meu pai, cinco anos atrás, não consigo lembrar quando fiquei tão triste assim pela morte de alguém. Poucos dias atrás iniciei a leitura da biografia dele, escrita por João Marques Lopes, e lembrei que biografias geralmente se lê quando o biografado já faleceu...Na hora, deu um alívio saber que não era o caso do Saramago.

O primeiro livro dele que li foi “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”. Fui criada na religião Católica, já li todo o Novo Testamento e vários livros do Velho Testamento e, ainda assim, não achei que a obra era uma heresia, como ouvi de muita gente. Soube que na época do lançamento da obra, ele foi quase obrigada a sair de Portugal e passou a viver na Espanha. Na verdade, achei o livro bem engraçado e gostei muito de poder conhecer um outro ponto de vista sobre uma história que nos é contada sempre da mesma forma.

Aliás, essa outra maneira de “ver o mundo” é o que mais me fascina nas obras de José Saramago. Sem pudores, ele descreve o ser humano nas situações mais baixas possíveis e com todas as suas fraquezas, mesquinharias e crueldades. E faz isso no melhor estilo “cômico se não fosse trágico”. Foi assim em Ensaios sobre a Cegueira, até agora meu livro preferido dele. Até agora porque ainda não li toda sua obra. Lembro que na primeira parte do livro, eu me acabava de rir das situações e na segunda parte, eu só chorava. É uma obra sem igual. Quem convivia comigo na época sabe o quanto fiquei feliz quando soube que Fernando Meirelles ia fazer a versão do filme para o cinema. Eu tinha certeza que o filme seria ótimo, como foi. O próprio Saramago elogiou. Logo ele, tão difícil de agradar...

Depois li “As intermitências da morte”, pra mim a obra mais engraçada dele. E a mais irônica. Mais uma vez, me impressionou a sua fantástica imaginação e o fato de refletir sobre algo que nós, as pessoas comuns, nem chegamos a cogitar: o que aconteceria se ninguém mais morresse? E se a morte mandasse um aviso, por meio de carta, de que está próxima? Imperdível. Infelizmente, por causa dessas coisas da vida, perdi esse livro. Quando quiser lê-lo novamente, as livrarias estão aí para vender livros, rs. A Cultura tem uma seção maravilhosa, que fica quase no meio da loja, com uma mesa, com várias obras dele.

O quarto livro foi O Homem Duplicado, outra ficção sem igual. O cara solteiro, morando sozinho, aluga um filme e, de repente, vê que é a cara de um dos atores do filme. Intrigante e final surpreendente. O quinto livro foi “A viagem do Elefante”, até agora o que gostei menos, mas que não deixa de ser um bom livro. A última obra que li foi O Conto da Ilha Desconhecida. Lúdico.

Enfim, o mundo está mais chato. Mesmo aos 87 anos, José Saramago ainda produzia muito. E era uma felicidade saber que ele ainda estava por aí, escrevendo alguma história fantástica que ia me deixar boba de novo. É realmente muito triste saber que um dos melhores escritores de todos os tempos, na minha modesta opinião, não está mais entre nós. E não posso dizer “Vá com Deus”, porque ele não gostaria, mas espero realmente que ele esteja em um bom lugar.

quarta-feira, abril 07, 2010

Céu de Brasília no dia 07.04.2010

Foto de Rodrigo Oliveira.

Não tem photoshop. Hoje o céu tava lindo mesmo. Céu azul, sem nuvens + sol + vento frio = clima perfeito de Brasília!

segunda-feira, março 15, 2010

O fiasco dos 50 anos...

Ah, eu era uma das que estavam entusiasmadas com a possibilidade de uma grande festa no aniversário de 50 anos de Brasília. Pela primeira vez, eu pretendia participar, mas com o anúncio das atrações – os chorões Bruno e Marrone, os ídolos dos suicidas NX Zero, Paralamas do Sucesso, entre outros – não existe a menor possibilidade de eu chegar perto. Gosto muito de Paralamas do Sucesso, mas não visualizo a mistura da banda com as outras atrações. Prefiro ouvir os CDs em casa. É uma pena mesmo que a inesquecível festa prometida pelo meio século de Brasília não vai ser diferente das festinhas comuns que vira e mexe ocorrem na Esplanada dos Ministérios.

segunda-feira, março 01, 2010

Sobre o QI deles...

Coincidentemente hoje li duas pesquisas sobre QI masculino. Uma foi em um jornal de um estado do Nordeste que não lembro qual. Dizia que os homens que fumam são menos inteligentes que os não fumantes. A pesquisa é de um instituto israelense. A outra, da London School of Economics, diz que os infiéis têm o QI mais baixo que os fiéis. O assunto foi publicado no G1. Segundo o autor da pesquisa, "homens inteligentes estão mais propensos a valorizar a exclusividade sexual do que homens menos inteligentes".

Nos dois casos, é certo: não é preciso ter um QI muito elevado para deduzir os dois resultados, né? Pelo menos meninas, é preciso anotar: se quiserem encontrar um cara muito inteligente, ele não pode fumar e não ter acusação de infidelidade da ex. O primeiro caso é até fácil encontrar...o segundo é que são elas...rs.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Eu moraria em Canoa Quebrada...




Essa foi a maior surpresa do carnaval...eu sabia que ia ver lugares paradisíacos no Ceará, mas nunca imaginei que algum iria me fazer cogitar a possibilidade de deixar Brasília, cidade que eu adoro (mamãe que o diga!). Mas trocar uma por outra obviamente não seria uma simples mudança de endereço, mas de todo um estilo de vida.
Não sei quanto tempo vai durar essa vontade, mas aquela paz e simplicidade é tudo o que eu ando querendo. E eu que achei que era impossível encontrar lugar que me desse mais paz do que a capital federal. Porém, aqui não há simplicidade alguma. Sei lá, de todo modo, se a vontade não passar em um ano, terei que pensar seriamente no assunto.
Contudo, todavia, entretanto, a vida não é um filme e a realidade não é nada romântica, então teria que resolver um empecilho de ordem bem prática: O que eu faria em Canoa Quebrada? Sim, porque é até pecado desejar mais que aquele vento, aquelas praias e aquele mar verde... mas infelizmente cheguei numa idade em que o mínimo de conforto é essencial, como: carro (pra ir ao cinema em Fortaleza), uma casa com umas janelas bem grandes e grana pra ver minha família e amigos toda vez que sentisse saudade, sem contar que não passo o natal longe de casa (a casa da minha mãe sempre será a minha casa de verdade) nem que me ofereçam o céu.
Então, conversando com os amigos e pensando com meus botões surgiram algumas ideias de como sobreviver em Canoa Quebrada. Eis algumas:

1 – Vender coco na praia
Bom: coco na praia é tão essencial quanto o mar.
Ruim: eu teria mais concorrentes que a Angelina Jolie na disputa pelo Brad Pitt.

2 – Virar pescadora
Bom: assim como eu, muitas pessoas amam peixe. Acho que venderia bem.
Ruim: Como se pega peixe?

3 – Abrir uma pousada
Bom: Parece coisa de filme: uma pousada perto do mar. Muito charmoso.
Ruim: Teria paciência para lidar com os hóspedes chatos? E haja grana pra montar algo minimamente decente.

4 – Abrir um pub, onde só tocasse rock
Bom: Não vi nenhum pub lá. Na verdade, tem um lugar charmosinho que toca jazz. Mas acho que faria algo diferente. Levaria primeiro as bandinhas de Fortaleza pra tocar lá. Depois, quem sabe, até umas internacionais (sonhar não custa nada, né?).
Ruim: A Tassiana (cearense legítima) diria: “rock na terra do forró. Tu vai falir!!!”

5 – Vender artesanato
Bom: gosto muito de trabalhos manuais.
Ruim: Gostar não significa ter talento. E outra: teria renda pra viajar a hora que eu quisesse?

6 – Abrir um cinema
Bom: cinema nunca mais é demais. E toda cidade deve ter um.
Ruim: como me disse um senhor na volta de Canoa Quebrada: “no começo, pode ser novidade e todo mundo vai gostar. Mas depois, sei não. Melhor você abrir um jornal”.

7 – Abrir um jornal
Bom: jornalismo é a minha área e o que minimamente sei fazer.
Ruim: pra ganhar dinheiro com isso, eu teria que bajular anunciantes. E eu sou lá pessoa com talento e paciência pra bajular alguém?

8 – Trabalhar na sorveteria da Débora (pessoa feliz que mora em Aracati, onde fica Canoa Quebrada).
Bom: sorvete naquele calor não deve ser mau negócio.
Ruim: e se eu engordar?

9 - Virar uma local friend
Bom: Conheceria gente do mundo todo. Ahhhh, que maravilha!
Ruim: E o tal jogo de cintura para aguentar os "boring friends"?

Foto: Flávia Peixoto e Rodrigo Berçot

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Manual de reportagem

Este vídeo é super divertido! Vale a pena, especialmente para os que querem se aventurar na carreira de jornalista sem passar pelos bancos da faculdade.

Triste folia


Por Eliane Cantanhêde, publicado na Folha de São Paulo no dia 13.02

Brasília fez bonito na reação à ditadura militar. Perdeu Honestino Guimarães, morto enquanto estudante da UnB; liderou o renascimento do movimento estudantil; viu carreatas levando chicotadas de generais na Esplanada dos Ministérios; votou contra Collor em 1989, participou ativamente dos grandes movimentos pela redemocratização do país. Para dar nisso...

A guinada maldita, que gerou todos esses escândalos, começou ainda no final da década de 1980, com o Brasil fervilhando com a Constituinte. Foi aí o primeiro governo, o único por nomeação, de Joaquim Roriz no DF. A partir de 1990, os governadores passaram a ser eleitos e Roriz teve mais três mandatos, somando 12 dos 20 anos de poder desde então. Os velhos militantes de esquerda foram anulados ou engolidos pelo esquema Roriz. Tudo e todos giram à volta dele, ou como aliados, ou como seus adversários diretos. Ele é o polo de poder.

Foi assim que Roriz produziu José Roberto Arruda, o primeiro governador preso por corrupção depois da ditadura, e que agora passa o Carnaval na cadeia. Foi assim que Roriz criou o empresário Luiz Estêvão, o primeiro senador da República cassado por corrupção na democracia. Foi assim que Roriz geminou Paulo Octávio, que tenta desesperadamente se equilibrar como substituto de Arruda no governo, apesar de citado em várias circunstâncias na mesma operação Caixa de Pandora da Polícia Federal.

Mas, apesar de tudo isso, e por macabra ironia, esse cenário de terra arrasada favorece o lançamento de Roriz para as eleições de outubro. Não há nomes na esquerda, insegura e incerta, e a direita está desbaratada. Então, chega de intermediários. Vem aí para o governo Joaquim Roriz, justamente onde tudo começou...

É ou não um filme de terror?

PS - Em geral, discordo das posição da Cantanhêde, mas dessa vez ela foi bem feliz. Quem mais tá deprimido com a possível volta do Roriz???

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Trilha

Meninos E Meninas

Legião Urbana
Composição: Renato Russo, Dado Villa-Lobos/Renato Russo, Marcelo Bonfá

Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui

Acho que gosto de São Paulo
Gosto de São João
Gosto de São Francisco e São Sebastião
E eu gosto de meninos e meninos

Vai ver que é assim mesmo e vai ser assim pra sempre
Vai ficando complicado e ao mesmo tempo diferente
Estou cansado de bater e ninguém abrir
Você me deixou sentindo tanto frio
Não sei mais o que dizer

Te fiz comida, velei teu sono
Fui teu amigo, te levei comigo
E me diz: pra mim o que é que ficou?

Me deixa ver como viver é bom
Não é a vida como está, e sim as coisas como são
Você não quis tentar me ajudar
Então, a culpa é de quem? A culpa é de quem?

Eu canto em português errado
Acho que o imperfeito não participa do passado
Troco as pessoas
Troco os pronomes

Preciso de oxigênio, preciso ter amigos
Preciso ter dinheiro, preciso de carinho
Acho que te amava, agora acho que te odeio
São tudo pequenas coisas e tudo deve passar

Acho que gosto de São Paulo
E gosto de São João
Gosto de São Francisco e São Sebastião
E eu gosto de meninos e meninos

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

A vida como ela é...

Do diretor Lars Von Trier, Dogville não é um filme para qualquer um. O cenário tem que ser imaginado, pois é todo desenhado no chão, como se os personagens tivessem atuando no teatro. E o início um pouco lento dá certa impaciência. Mas Dogville é um dos meus filmes preferidos, principalmente porque Lars Von Trier conseguiu mostrar bem como o ser humano pode ser oportunista, egoísta e cruel.

O filme conta a história de Grace, vivida por Nicole Kidman, que chega em uma cidadezinha (Dogville) fugindo de gangsters. Os moradores aceitam que ela se esconda na cidade, desde que faça alguns trabalhos para eles. No começo, ninguém precisava de nada, mas pouco a pouco as exigências vão aumentando, chegando ao ponto de...(ah, vão assistir ao filme, rs). O fato é que o “favor” de esconder Grace se torna caro demais para ela.

Na vida real, muitas pessoas também são assim...fazem isso e aquilo dizendo ser para o bem dos outros, dizem que dão amor, amizade e carinho de peito aberto, mas depois se sentem no direito de exigir uma “recompensa”. E quando você não é capaz de “retribuir”, sai de baixo! È fato que muita gente usa o bem que faz para se sentir no direito de cobrar atitudes que gostaria que os outros tivessem, esquecendo que cada um é livre para fazer suas escolhas e julgando os motivos do outro baseado em interpretações próprias e que, em boa parte dos casos, não condizem com a realidade.

Outra situação – retratada perfeitamente em Dogville – é a velocidade com que as pessoas conseguem justificar os motivos para fazer o mal ao outro como uma tentativa de corrigi-lo e com isso, pensam estar fazendo o bem. Nisso, se sentem no direito de exigir o que bem entenderem.

É por essas e outras que agora desconfio mais do que nunca de pessoas que alardeiam sua bondade, te juram amor eterno e querem te cobrir de favores. Um dia a fatura de cobrança sempre chega e tudo acaba sendo muito penoso. Que Deus nos proteja!