segunda-feira, fevereiro 01, 2010

A vida como ela é...

Do diretor Lars Von Trier, Dogville não é um filme para qualquer um. O cenário tem que ser imaginado, pois é todo desenhado no chão, como se os personagens tivessem atuando no teatro. E o início um pouco lento dá certa impaciência. Mas Dogville é um dos meus filmes preferidos, principalmente porque Lars Von Trier conseguiu mostrar bem como o ser humano pode ser oportunista, egoísta e cruel.

O filme conta a história de Grace, vivida por Nicole Kidman, que chega em uma cidadezinha (Dogville) fugindo de gangsters. Os moradores aceitam que ela se esconda na cidade, desde que faça alguns trabalhos para eles. No começo, ninguém precisava de nada, mas pouco a pouco as exigências vão aumentando, chegando ao ponto de...(ah, vão assistir ao filme, rs). O fato é que o “favor” de esconder Grace se torna caro demais para ela.

Na vida real, muitas pessoas também são assim...fazem isso e aquilo dizendo ser para o bem dos outros, dizem que dão amor, amizade e carinho de peito aberto, mas depois se sentem no direito de exigir uma “recompensa”. E quando você não é capaz de “retribuir”, sai de baixo! È fato que muita gente usa o bem que faz para se sentir no direito de cobrar atitudes que gostaria que os outros tivessem, esquecendo que cada um é livre para fazer suas escolhas e julgando os motivos do outro baseado em interpretações próprias e que, em boa parte dos casos, não condizem com a realidade.

Outra situação – retratada perfeitamente em Dogville – é a velocidade com que as pessoas conseguem justificar os motivos para fazer o mal ao outro como uma tentativa de corrigi-lo e com isso, pensam estar fazendo o bem. Nisso, se sentem no direito de exigir o que bem entenderem.

É por essas e outras que agora desconfio mais do que nunca de pessoas que alardeiam sua bondade, te juram amor eterno e querem te cobrir de favores. Um dia a fatura de cobrança sempre chega e tudo acaba sendo muito penoso. Que Deus nos proteja!

Um comentário:

Adriana Chaves disse...

Eu adoro como ele mostra a mudança pelo poder.

As pessoas, inicialmente constrangidas, começam a abusar dessa força sobre alguém que creem estar em situação inferior, até o limite humano. Como elas fazem parecer que é um grande favor permitir que você exista no mundo. Como elas perdem os pudores. E especialmente como elas fazem isso com sua máxima autorização e conveniência.