sexta-feira, maio 16, 2008

...e seguindo a canção...

Depois de vários quilômetros de caminhadas, saídas de casa de madrugada, muito frio até às 9h e muito calor até às 17h30 – o que resultou numa gripe sem precedentes e sem hora pra acabar (acontece!) – saí viva da cobertura do Grito da Terra Brasil. E aprendi muitas coisas...

A principal delas: pra se conseguir qualquer coisa na vida, o lance é mesmo arregaçar as mangas. Fiquei bem orgulhosa de nossos assessorados e se já os admirava antes, agora... muito mais!

As reclamações que fiz aqui e os temores anteriores à mobilização são de extrema futilidade. Tudo bem que não era uma luta minha, mas gostei de ter participado, nem que seja para ajudar a mostrar que toda luta é válida, principalmente se for para melhorar a vida de 25 milhões de pessoas.

Explicando: A Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) é a maior confederação da América Latina, representa trabalhadores e trabalhadoras rurais que atuam no campo, sejam como assalariados ou como agricultores familiares. Sua principal luta é por políticas públicas para essas pessoas, como garantia de emprego, renda, terra, educação, saúde, proteção infantil e da terceira idade. Todos os anos, a Confederação mobiliza suas 27 federações e mais de 4 mil sindicatos – as tais 25 milhões de pessoas – para reivindicar as políticas públicas para o campo, o chamado Grito da Terra Brasil, uma espécie de data-base de negociação da categoria com o Governo.

As negociações da pauta – bem extensa – começam uma semana antes da vinda dos trabalhadores para Brasília (este ano vieram 10 mil). Extensas e cansativas reuniões são realizadas em vários ministérios. Depois, eles caminham pela Esplanada dos Ministérios para exigir o cumprimento de antigas e novas promessas e a abertura de diálogo para temas que o Governo não aceita, em princípio, nem conversar.

Este ano eles ficaram satisfeitos com o que conseguiram, embora muitos pontos tenham ficado pendentes e vão exigir mais negociação e mobilização da galera. Para quem acha que jornalista só gosta de anunciar tragédias, a equipe de comunicação da Contag até que gostou de repassar as boas notícias.

Para quem se estressou com o trânsito e sempre repudia as manifestações ocorridas em Brasília, melhor mudar de cidade, pois não tem melhor lugar do que aqui para se fazer isso, rs. Aliás, tem sim: cada um poderia exigir melhoria de vida para o coletivo dos seus governantes, seja em que esfera for: municipal, estadual ou federal (perdão pela demagogia!).

E, definitivamente, se antes eu já não tinha, agora mesmo é que não tenho mais um pingo de paciência com aqueles que só pensam no próprio umbigo e saem por aí falando do que não sabem e tentando descaracterizar movimentos populares.

P.S. – No post abaixo, pedi pra não compararem Contag ao MST. Reconheço que a luta do MST é válida e merece respeito. O problema é a forma de mobilização utilizada nos últimos anos, o que não tem possibilitado à opinião pública diferenciar o que é bom e o que é mau nessa luta, o que faz com que somente as partes ruins sejam evidenciadas.

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